Os mercados de ações dos EUA encerraram o pregão anterior em alta, mantendo sua trajetória positiva. O S&P 500 subiu 0,61%, o Nasdaq 100 avançou 0,94% e o Dow Jones Industrial Average ganhou 0,49%.

No entanto, os futuros dos índices acionários norte-americanos recuaram no início do pregão de hoje, acompanhados por uma queda do dólar americano, após o presidente Donald Trump voltar a intensificar as tensões comerciais. O governo anunciou uma tarifa de 50% sobre o cobre e enviou uma nova leva de cartas comunicando aumentos tarifários para diversos países.

Embora já fosse esperada, a medida abalou os mercados, reforçando o temor de que um agravamento do conflito comercial possa comprometer seriamente a estabilidade da economia global. Empresas com forte foco em exportação foram as primeiras a sentir o impacto, registrando quedas expressivas em suas ações. A imprevisibilidade das decisões comerciais de Donald Trump dificulta o planejamento de longo prazo e eleva significativamente os riscos para o setor corporativo. A desvalorização do dólar após o anúncio das tarifas adicionou mais um fator de preocupação.

Os futuros do índice S&P 500 recuaram 0,3%, enquanto o índice do dólar americano cedeu 0,1%. Os títulos do Tesouro dos EUA e os mercados acionários asiáticos permaneceram, em grande parte, estáveis. Já o Bitcoin se manteve próximo da máxima histórica registrada na quarta-feira.

Os preços do cobre dispararam após a declaração de Trump de que a tarifa de 50% sobre o metal entrará em vigor a partir de 1º de agosto. A medida deve impactar significativamente os fabricantes que dependem fortemente desse insumo industrial essencial. Na Bolsa de Metais de Londres, os contratos futuros de cobre subiram 0,4%, para US$ 9.664,50 por tonelada, enquanto os da Comex saltaram quase 3%.

De acordo com análise do National Australia Bank, os últimos desdobramentos relacionados às tarifas foram interpretados por alguns participantes do mercado como potencialmente inflacionários e contraproducentes, reforçando o sentimento crescente entre investidores de reduzir a exposição a ativos norte-americanos.

Apesar de ter suspendido temporariamente as tarifas recíprocas até 9 de julho, Trump deixou claro que pretende avançar com sua agressiva agenda tarifária. Ainda assim, os investidores seguem injetando recursos no mercado de ações, aparentemente ignorando os temores de que essas tarifas possam prejudicar seriamente o crescimento global ou os lucros corporativos.

Segundo Johanna Chua, do Citigroup Global Markets, as economias asiáticas podem sofrer apenas um impacto moderado com as tarifas específicas sobre o cobre impostas pelo governo Trump. No entanto, já se preparam para consequências mais amplas caso medidas semelhantes sejam estendidas a setores como semicondutores e produtos farmacêuticos.

Trump também anunciou na quarta-feira um conjunto de tarifas específicas por país: 30% para Argélia, Líbia, Iraque e Sri Lanka; 25% sobre produtos de Brunei e Moldávia; e 20% para mercadorias das Filipinas. Essas alíquotas ficam próximas das que haviam sido propostas inicialmente em abril.

Destaca-se ainda a tarifa particularmente elevada de 50% sobre importações brasileiras, uma das mais altas anunciadas até o momento, programada para entrar em vigor em agosto. Em carta à nação, Trump mencionou ter conversado com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e pediu às autoridades brasileiras que arquivem as acusações relacionadas à suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-mandatário.

Do ponto de vista técnico, o principal objetivo dos compradores do S&P 500 hoje é romper a resistência imediata em US$ 6.257. Um movimento bem-sucedido acima desse nível sinalizaria um potencial de alta adicional, levando o índice para US$ 6.267. Manter o controle sobre o nível de US$ 6.276 também seria um marco importante para os compradores, reforçando o momentum de alta.