Tendências dão lugar a consolidações. Consolidações abrem caminho para novas tendências. Essa é a natureza do mercado — e o Bitcoin não é exceção.
A incapacidade dos compradores de retomar a tendência de alta do BTC/USD levou os especuladores a realizarem lucros.
Segundo dados da Coinglass, até o final da semana encerrada em 25 de julho, posições compradas em criptomoedas no valor de US$ 400 milhões foram liquidadas. O Bitcoin liderou esse movimento, com uma redução líquida de US$ 159 milhões em posições longas.

Desempenho do Bitcoin, Ethereum e Altcoins

Correções e consolidações são comuns em mercados de alta. Ainda assim, histórias sobre apostas bilionárias na queda do BTC/USD para US$ 110 mil despertam a imaginação. Um trader anônimo pagou US$ 5 milhões em prêmios por derivativos apostando na desvalorização do Bitcoin. O valor total da operação é estimado em US$ 600 milhões.

Rumores de que baleias do setor cripto estariam se desfazendo de ativos digitais afastaram o BTC/USD de suas máximas históricas. No entanto, os verdadeiros entusiastas seguem inabaláveis. A Strategy, empresa de Michael Saylor, desenvolveu um novo método para captar recursos destinados à compra de tokens. A companhia anunciou a emissão de ações preferenciais, oferecendo aos investidores um retorno anual de 9%. Essa rentabilidade elevada deve contribuir para que a Strategy amplie ainda mais sua carteira de Bitcoin. Atualmente, a empresa detém cerca de 3% de todo o BTC em circulação, com valor estimado em mais de US$ 70 bilhões.

O apetite global por risco, embora crescente, não tem beneficiado os compradores de BTC/USD. Os índices acionários dos EUA continuam renovando máximas históricas, impulsionados pela redução das incertezas comerciais, pela resiliência da economia americana frente aos choques tarifários impostos pela Casa Branca e pelos sólidos resultados corporativos do segundo trimestre. Cerca de 83% das empresas do S&P 500 que já divulgaram seus lucros superaram as expectativas — acima da média de 75% registrada na última década. Os acordos comerciais dos EUA com o Japão e a União Europeia têm favorecido o mercado acionário — mas não o de criptomoedas.

Ainda assim, o número de investidores otimistas que aproveitam as quedas para comprar não diminuiu — e não se trata apenas da Strategy de Saylor. O Citigroup projeta que o BTC/USD pode alcançar US$ 135 mil até o final do ano. Diante do cenário favorável para ativos de risco, essa projeção parece bastante plausível. Mesmo assim, uma correção saudável no preço do Bitcoin não seria algo negativo. A questão é: quando ela virá?

Talvez surjam pistas na semana que termina em 1º de agosto. A reunião do Fed, somada à divulgação dos dados do PIB, da inflação e do mercado de trabalho dos EUA, provavelmente trará mais clareza sobre as perspectivas econômicas. Como os índices acionários americanos e os ativos digitais irão reagir? O tempo dirá.

Do ponto de vista técnico, o par BTC/USD, no gráfico diário, consolida-se dentro da faixa de 116.000 a 120.000 dólares, formando um padrão conhecido como "Spike and Ledge" (pico e platô). Embora as tentativas anteriores de rompimento das extremidades superior e inferior tenham se mostrado falsas, ainda pode valer a pena tentar novamente. Vender a 116.000 e comprar a 120.000 continuam sendo estratégias válidas.