Na terça-feira, a libra esterlina continuou sob pressão em relação ao dólar americano. O par GBP/USD caiu para níveis não vistos desde abril, em meio ao fortalecimento generalizado do dólar e ao aumento das preocupações com o orçamento do Reino Unido. No momento, o par é negociado em torno de 1,3047, registrando uma queda de aproximadamente 0,7% no dia.

O Índice do Dólar Americano (DXY) — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas principais, avança pelo quinto dia consecutivo, rompendo o nível psicológico de 100,00 e alcançando as máximas de agosto. Isso marca um novo pico em três meses, refletindo a redução das expectativas de um corte na taxa de juros em dezembro por parte da Reserva Federal.

Os ativos vinculados ao Reino Unido permaneceram sob pressão após a chanceler Rachel Reeves fazer um discurso preparando o público para "decisões difíceis" antes do anúncio do orçamento de 26 de novembro. Em suas declarações, Reeves enfatizou a necessidade de controlar a dívida pública, sem descartar aumentos de impostos. Ela também apresentou planos de reforma do sistema de tributação de lucros corporativos, com o objetivo de apoiar empresas locais. Reeves descreveu o próximo orçamento como um modelo de "crescimento com justiça", ressaltando que a política fiscal será direcionada à redução da inflação.

Além disso, foi relatado que o governo considera a introdução de um "imposto de saída" de 20% sobre ativos de cidadãos que emigram do Reino Unido. Esse tributo poderia gerar cerca de £2 bilhões anuais, aplicando-se a ativos como ações de empresas.

O foco principal, no entanto, se desloca agora para a decisão sobre a taxa de juros do Banco da Inglaterra, prevista para quinta-feira. A maioria dos analistas prevê manutenção da taxa em 4,00%, já que a inflação permanece em torno de 3,8%, ainda bem acima da meta de 2% do banco. Espera-se que os formuladores de política monetária adotem uma postura cautelosa.

De acordo com o relatório BHH Market View, o aperto fiscal esperado implica a possibilidade de maior afrouxamento monetário em 2026, de aproximadamente 50 pontos-base, o que poderia pressionar ainda mais a taxa de câmbio da libra. Atualmente, os swaps de mercado precificam cerca de 30% de probabilidade de um corte de 25 pontos-base, reduzindo a taxa para 3,75% na próxima reunião.

Nos Estados Unidos, a atenção se volta para o relatório de emprego ADP, previsto para quarta-feira. Esse relatório deve fornecer uma leitura antecipada das tendências de emprego no setor privado, já que o shutdown do governo atrasou a publicação dos dados oficiais de emprego. Assim, os participantes do mercado estão recorrendo aos números da folha de pagamento privada para avaliar a dinâmica do mercado de trabalho e estimar a probabilidade de novos cortes de juros ainda este ano.

Do ponto de vista técnico, o Índice de Força Relativa (RSI) entrou na zona de sobrevenda, indicando a possibilidade de uma correção de curto prazo antes do próximo movimento. O nível de resistência-chave está agora próximo de 1,3100, enquanto o suporte principal se mantém em torno de 1,3030.

Abaixo, segue uma tabela com as variações percentuais da libra esterlina em relação às principais moedas. O movimento mais expressivo é observado no par GBP/USD, que permanece sob forte pressão diante do fortalecimento do dólar americano.