O mercado de ações dos EUA conseguiu estabelecer um novo recorde antes que Jerome Powell jogasse um balde de água fria nos compradores. Impulsionado pela redução da taxa dos fundos federais para 4% e pela capitalização de mercado da NVIDIA, que ultrapassou US$ 5 trilhões pela primeira vez na história, o S&P 500 atingiu o alvo anterior de 6.920 pontos.

No entanto, a divisão interna no Federal Reserve levantou dúvidas sobre a continuidade do ciclo de expansão monetária em dezembro — uma questão que, por enquanto, permanece em aberto.

Dinâmica da capitalização da NVIDIA

A reação do índice amplo de ações ao veredicto do Federal Reserve foi uma das mais contidas dos últimos tempos. No entanto, isso representa apenas a ponta do iceberg. Nos bastidores, formou-se uma verdadeira tempestade nos mercados: cerca de 400 empresas do S&P 500 encerraram o pregão no vermelho, enquanto apenas 100 fecharam em alta.

Esse movimento refletiu o rápido aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, o mais acentuado desde julho, além de uma redução na probabilidade de um corte de juros em dezembro, que caiu de mais de 90% para 65%.

Um "hawk" dissidente surgiu dentro do FOMC. O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, se recusou a apoiar a maioria e votou pela manutenção da taxa em 4,25%. Em contrapartida, o presidente do Fed de St. Louis, Stephen Miran, mantém sua defesa de um corte de 50 pontos-base.

Reação do S&P 500 aos resultados da reunião do FOMC

Jerome Powell evitou responder se as avaliações das ações americanas estão inflacionadas. O presidente do Federal Reserve reconheceu que as tecnologias de inteligência artificial estão impulsionando o consumo e acelerando o crescimento econômico, sendo relativamente insensíveis às variações na taxa dos fundos federais. Não surpreende que, após esses comentários, as gigantes de tecnologia tenham recuperado as perdas anteriores e o S&P 500 tenha retomado parte de suas posições.

No mercado de futuros, uma aposta isolada de mais de US$ 20 milhões chamou atenção: ela prevê que o índice amplo de ações subirá 30% até o fim de 2026 — um cenário que deixaria até os touros mais confiantes em dúvida. Uma valorização do S&P 500 até 9.000 pontos ofuscaria o rali de 17% projetado para 2025. Desde as mínimas de abril, o índice já acumula alta de 38%, com sua capitalização de mercado aumentando em US$ 17 trilhões.

O S&P 500 tem estado acima do suporte dinâmico da média móvel de 50 períodos por 125 dias consecutivos. Nas últimas três décadas, houve apenas três ocasiões em que uma recuperação do mercado acionário durou mais tempo. Consequentemente, quanto mais o S&P 500 prossegue sua tendência de alta, maiores se tornam as preocupações com um movimento corretivo. Será que a reavaliação dos investidores das declarações de Jerome Powell desencadeará essa correção?

Tecnicamente, no gráfico diário, o S&P 500 atingiu a meta previamente definida para posições de comrpas em 6920 e formou uma barra com uma longa sombra inferior. Uma quebra acima do seu máximo em 6920 servirá de base para novas compras com alvos nos níveis pivôs em 7045 e 7140.