No fechamento das negociações de ontem, os índices de ações dos EUA terminaram no vermelho. O S&P 500 caiu 1,60%, enquanto o Nasdaq 100 caiu 2,24%. O Dow Jones Industrial Average caiu 1,43%.

Os títulos do Tesouro dos EUA dispararam, e os rendimentos de curto prazo registraram sua maior queda desde o final de 2023, após dados de emprego mais fracos do que o esperado levarem os traders a aumentarem as apostas de que o Federal Reserve cortará as taxas de juros já no próximo mês. Dados divulgados pelo Departamento do Trabalho mostraram que a economia norte-americana criou apenas 73.000 empregos em julho — bem abaixo das previsões dos economistas. A taxa de desemprego subiu inesperadamente para 4,2%, e o crescimento dos salários desacelerou. Esses indicadores apontam para um possível arrefecimento do mercado de trabalho, o que pode aliviar as pressões inflacionárias e dar ao Fed mais flexibilidade em sua política monetária.

Os rendimentos dos títulos despencaram: os juros dos Treasuries de dois anos recuaram 29 pontos-base, com o movimento se intensificando na noite de sexta-feira após a renúncia da governadora do Federal Reserve, Adriana Kugler.

Ao longo do dia, os traders reforçaram as apostas em cortes de juros, e os mercados agora precificam integralmente duas reduções ainda neste ano. A probabilidade de que o primeiro corte ocorra já na próxima reunião do Fed, em setembro, saltou para 90%, ante menos de 40% antes da divulgação do relatório de empregos. Isso pressionou fortemente as ações norte-americanas: o S&P 500 chegou a recuar quase 2%. O dólar caiu 1%, mas depois reduziu as perdas após o presidente Donald Trump anunciar a demissão da diretora do Bureau of Labor Statistics, acusando-a de politizar o relatório.

A forte virada nos rendimentos dos títulos reflete uma mudança drástica no sentimento em relação às perspectivas da política monetária, impulsionada em parte pela pressão contínua de Trump sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, para cortar as taxas — apesar da alta nas expectativas inflacionárias atreladas às tarifas.

Vale destacar que as apostas por cortes de juros haviam desabado no fim do mês passado, após declarações firmes de Powell sobre a inflação e o desempenho da economia. No entanto, o fraco crescimento do emprego divulgado na sexta-feira — visto por muitos como uma validação da postura de Trump e dos dois governadores por ele indicados ao Fed, que discordaram da decisão de 30 de julho de manter as taxas — pode representar um ponto de inflexão.

Na sexta-feira, os diretores do Fed, Christopher Waller e Michelle Bowman, expressaram preocupação de que a hesitação dos formuladores de política monetária em reduzir as taxas possa prejudicar o mercado de trabalho. Como mencionado anteriormente, ambos votaram contra a decisão do Fed de manter a taxa básica de juros entre 4,25% e 4,5%, defendendo, em vez disso, um corte de 25 pontos-base.

Quanto ao cenário técnico do S&P 500, a principal tarefa dos compradores hoje será superar a resistência mais próxima em US$ 6.267. Isso sinalizaria um possível movimento de alta e abriria caminho para um avanço até US$ 6.276. Também é fundamental conquistar o controle da região de US$ 6.285, o que fortaleceria as posições de alta. Em caso de recuo, diante da redução do apetite por risco, os compradores precisam defender a área de US$ 6.257. Uma quebra abaixo desse nível empurraria o índice de volta para US$ 6.245 e possivelmente mais abaixo, até US$ 6.234.